O mais recente European Payment Report (EPR) de 2025, desenvolvido pela Intrum, revela um agravamento significativo dos prazos médios de pagamento do setor público, tendência que continua a penalizar as empresas fornecedoras e a dificultar a gestão de tesouraria destes parceiros comerciais.

De acordo com os dados recolhidos, em 2025 o tempo médio de pagamento do setor público situa-se nos 73 dias, registando um aumento face aos 68 dias em 2024. Esta evolução representa um agravamento global dos prazos de pagamento de 7,4%, reforçando a pressão sobre os fornecedores do Estado, sobretudo num contexto económico ainda desafiante, refletindo um ambiente de pagamentos cada vez menos célere e mais imprevisível.

Os atrasos de pagamento das entidades públicas afetam as diferentes áreas de atividade de forma distinta, com alguns setores a registarem aumentos nos prazos de recebimento expressivos e outros a apresentarem melhorias relevantes.

Setores com Prazos de Recebimento do Estado Acima da Média (superior a 73 dias em 2025):

Embora o setor da Construção continue acima da média (78 dias), destaca-se como o setor com maior melhoria relativa, reduzindo o prazo em 36,9% face aos 123 dias de 2024.

Já os setores dos Transportes & Logística, Farmacêutico e Telecomunicações não só mantêm prazos muito acima da média, como registam aumentos significativos, o que levanta preocupações quanto à sua sustentabilidade financeira quando expostos a pagamentos do sector públicos atrasados.

Entre os setores com recebimentos dentro ou abaixo da média, os Seguros, Tecnologia, e Energia/Utilities viram os seus prazos aumentar de forma acentuada, indicando deterioração da pontualidade do Estado, mesmo entre setores com valores absolutos mais baixos.

Por outro lado, Hotelaria & Lazer, Serviços Empresariais e Imobiliário registaram melhorias significativas, com reduções nos prazos de pagamento que os colocam bem abaixo da média nacional.

Setores com Recebimentos do Setor Público Dentro ou Abaixo da Média:

A média de 73 dias em 2025 reflete um agravamento nos prazos de pagamento por parte do setor público, afetando negativamente a liquidez de muitos fornecedores. Setores como Transportes & Logística, Saúde, e Telecomunicações enfrentam pressões particularmente elevadas, com prazos bem acima da média e em crescimento. Por contraste, áreas como Hotelaria, Serviços Empresariais e Construção evidenciam melhorias notáveis, ainda que neste último o prazo continue elevado.

A elevada disparidade entre setores revela falta de uniformidade nas práticas de pagamento do Estado e reforça a necessidade de políticas públicas que promovam maior previsibilidade, transparência e responsabilidade nos compromissos financeiros do setor público.

De acordo com o EPR 2025 Portugal, nos últimos cinco anos, só em 2020, ano da pandemia, se registaram piores resultados que no corrente ano, com o Estado a demorar, em média, 76 dias a pagar aos seus fornecedores, face aos atuais 73.

Segundo Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum, «o agravamento dos prazos médios de pagamento no setor público é um sinal preocupante que impacta diretamente a saúde financeira das empresas fornecedoras, sobretudo as PME, que enfrentam dificuldades acrescidas para manter a sua liquidez e capacidade operacional. Este aumento dos prazos para quase 73 dias em média cria um efeito dominó, atrasando investimentos e dificultando o crescimento económico. O nosso apelo às entidades públicas é que adotem medidas mais rigorosas de controlo e antecipação dos pagamentos, que podem passar por prazos máximos legais, penalizações por atraso ou a criação de plataformas de pagamento automático. Estas são algumas medidas públicas desejáveis, para garantir maior estabilidade e confiança nas relações comerciais, promovendo assim um ambiente económico mais saudável e sustentável».

Sobre o European Payment Report 2025

O European Payment Report 2025 foi publicado em abril de 2025 e fornece insights sobre tendências e comportamentos de pagamento, incluindo pagamentos em atraso, práticas de pagamento de faturas e risco financeiro geral das empresas europeias. A análise baseia-se nas respostas obtidas até fevereiro de 2025, de 9.150 executivos em 25 países, incluindo 240 em Portugal, de cerca de 15 setores de atividade.PR