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Como contrariar o aumento dos combustíveis na frota

Leia os conselhos de António Macedo, na rubrica Consultório de Segurança, na edição n.º 126 da Eurotransporte.

Como formador de uma empresa onde a condução eficiente é um dos vetores de atuação no mercado, depressa entendi que desde o final do ano passado a chamada «condução económica» voltava a ser uma necessidade para o controlo dos custos e para o equilíbrio da atividade de muitas empresas nacionais.

Nos últimos meses as ações de treino e formação para motoristas de viaturas comerciais ligeiras e pesadas obrigou-nos a «reinventar» formas e modelos de intervenção que permitissem reduzir os consumos de combustível, em especial nas empresas onde as emissões de CO2 resultam maioritariamente da atividade transportadora e, por força do RGCEST , obrigam a uma redução periódica das mesmas. Assim, por via da proteção ambiental, atuamos na poupança de combustível. Por exemplo, na atividade de transporte de longo curso, com viagens nacionais e internacionais longas constantes, por autoestrada e estradas nacionais, houve que atuar especialmente sobre os comportamentos que resultam em excessos e picos de consumo. Treinar os motoristas para antecipar eventos que possam resultar em travagens ou paragens desnecessárias, para aproveitar a inércia a seu favor, mantendo um movimento o mais constante possível, donde pode resultar uma velocidade média mais elevada. Com estes motoristas e nas frotas de distribuição e de assistência técnica, o nosso trabalho incidiu muito no conceito de rapidez «sem pressa».

Grande parte dos excessos de consumo resultam de automatismos desenvolvidos ao longo de muitos anos e muitos quilómetros a conduzir com o «chip» do atraso e da pressa. Um condutor com pressa efetua arranques com acelerações mais exageradas, tende a conduzir mais próximo do veículo da frente, a ter de travar mais vezes e é levado a ter uma condução mais agressiva, entre muitas outras consequências negativas. E na maior parte das vezes, o tempo ganho, se existir, é residual.

Torna-se por isso necessário demonstrar que, por exemplo, quando um condutor reduz a velocidade máxima em autoestrada em 10 km/hora, pode poupar quase 10% no combustível, aumentando a duração da viagem apenas 5 minutos em cada 100 quilómetros percorridos. Tomemos este exemplo prático : Se um furgão ligeiro de mercadorias circular em autoestrada num percurso de 100 km a 110 km/h em vez de o fazer a 120 km/h, demora mais 5 minutos e pode poupar cerca de 8,5% no consumo de combustível, passando de uma média de 11,5 l/100km para uma média de 10,5 l/100km. Se um pesado de mercadorias efetuar o mesmo percurso a 85 km/h em vez de o fazer a 90 km/h, a duração do percurso aumenta cerca de 4 minutos e o consumo reduz cerca de 9,5%, ou seja, pode baixar de 35 l/100km para 32 l/100km.

Se em cada 100 quilómetros o condutor de um camião conseguir poupar 10%, tendo um consumo médio de 35 litros aos 100kms, durante o ano de 2022 terá um custo por quilómetro equivalente ao preço de 2020. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao condutor de um furgão de distribuição com um consumo médio de cerca de 11,5 litros/100 km, que conseguindo poupar 10% no combustível consegue atingir custos de consumo equivalentes aos de janeiro de 2020.


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