Mais tecnologia, que promete mais transparência e controlo nas estradas. São estes os pressupostos associados ao Regulamento EU 165/2014, que criou o tacógrafo inteligente, um tacógrafo digital de segunda geração. A nova norma europeia obriga à integração de um sinal GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) independente do veículo e à introdução de um sistema DSCR (Dedicated Short Range Communications), que permite a comunicação a curta distância, possibilitando que as autoridades competentes tenham acesso ao tacógrafo com a viatura em andamento.

O tacógrafo inteligente VDO DTCO 4.0 e o sensor de velocidade KITAS 4.0 foram homologados seis meses antes da entrada em vigor do novo regulamento, sendo a Continental a primeira empresa do sector automóvel a conseguir passar nos rigorosos testes. Este equipamento cumpre com o novo Regulamento de Protecção de Dados e, nesse sentido, as autoridades fiscalizadoras terão acesso apenas aos dados dos veículos. Quanto aos do motorista, terá que ser este a autorizar a visualização no tacógrafo.

António Costa, service manager da Krautli Portugal, a representante de VDO em território nacional, explica que "os benefícios que se pretende trazer para o sector é uma maior transparência e uma concorrência mais leal entre todas as entidades envolvidas, dificultando ao máximo as eventuais viciações dos tacógrafos, seja por tempos de trabalho ou distâncias percorridas".

Quanto às principais dúvidas que possam existir, "para os motoristas serão as novidades nos inícios e fins de jornada, bem como para efectuar as descargas. Estas mesmas descargas vão ter alterações para as empresas de transporte que, obrigatoriamente, têm de descarregar os dados tacográficos dos seus veículos e dos seus motoristas. Quanto aos instaladores, têm de saber como efectuar a verificação". Em relação a estes últimos, António Costa reforça que "a maioria da nossa rede de Serviços Oficiais VDO já tem equipamento e formação".

Por forma a esclarecer o sector sobre as novidades, a Krautli apresentou "o novo tacógrafo às redes de Serviço Oficial, bem como junto das marcas importadoras e/ou fabricantes de veículos pesados e efectuámos também apresentações dirigidas aos transportadores".

O impacto nos fabricantes de pesados

Desde 15 de Junho que todos os veículos pesados matriculados têm de vir de fábrica com estes novos equipamentos, o que «obrigou» a que também do lado dos fabricantes tenha havido formação. No que diz respeito à MAN, "sempre que há alterações de produto ou inovações, o nosso centro de formação MAN Academy assegura que todas as áreas envolvidas recebem formação detalhada adequada e atempadamente, pois no caso das vendas os clientes têm de ser esclarecidos com todos os detalhes possíveis relativamente ao que o novo sistema disponibiliza e como funciona, enquanto no pós-venda é necessário formar e preparar toda a área técnica para realizar aferições, instalações de tacógrafos ou mesmo reparações", explica Luís Pereira, responsável de marketing e produto da MAN Truck & Bus Portugal.

Também na Scania "todas as áreas afectadas pela alteração dos regulamentos receberam as informações necessárias, tanto da nossa fábrica como dos próprios fornecedores de tacógrafos", garante Javier Palomo, responsável de produto de camiões e autocarros da Scania Ibérica.

Ambas as marcas não registaram diferenças no número de vendas nos meses que antecederam a entrada em vigor do novo regulamento, com Luís Pereira a adiantar que "os clientes demonstram a preocupação habitual no que a tacógrafos diz respeito. De qualquer forma, a legislação é clara, após 15 de Junho todos os veículos novos matriculados têm de vir com a nova geração de tacógrafos, não há fins de série ou prorrogação de data para casos específicos". Já o responsável da Scania Ibérica considera que "em geral não acreditamos que os clientes considerem que esta nova norma vá ter grande repercussão no dia-a-dia. Apenas o aumento das possibilidades de medição (e sanção) por parte das autoridades cria alguma preocupação".

A nível de preços, tanto António Costa, como os representantes da MAN Truck & Bus Portugal e da Scania Ibérica garantem que estes novos equipamentos não têm impacto significativo. De salientar ainda que os veículos matriculados antes de 15 de Junho não são obrigados a ter o tacógrafo inteligente.

*Texto originalmente publicado na Edição n.º 110 da Revista Eurotransporte

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