AeroSolfd: Uma via rápida para um ar urbano mais limpo

26 setembro 2023
6min.

Na Semana Europeia da Mobilidade, que se assinala de 16 a 22 de setembro, o INTEC - Instituto de Tecnologia Comportamental - promove, em Portugal, o Projeto AeroSolfd, que procura soluções para melhorar a qualidade do ar.

---

A preocupação com a poluição do ar é uma questão debatida há vários anos e a necessidade de adotar medidas para reduzi-la é crucial, não apenas devido à sua contribuição para as mudanças climáticas, mas também devido aos impactos adversos que possui na saúde humana.

Esta questão ganha ainda mais relevância nas áreas urbanas densamente povoadas, onde a concentração de poluentes atmosféricos é mais elevada, especialmente devido ao intenso tráfego rodoviário. Isto significa que, diariamente, milhares de pessoas estão expostas a estes poluentes, prejudiciais à saúde humana. Segundo conclusões de um estudo recente da Universidade de Harvard, que 10,2 milhões de pessoas morrem, anualmente, de forma prematura, devido às emissões provenientes do transporte rodoviário.

image001

Entre as emissões provenientes do transporte rodoviário, incluem-se partículas finas, conhecidas como PM2,5, que desempenham um papel significativo na deterioração da qualidade do ar, do solo e da água. Estas partículas têm um impacto substancial na preservação do património e na saúde dos cidadãos, sobretudo, em ambientes fechados ou semi-fechados. É o caso de garagens, túneis, estações de metro e autocarro, entre outros.

Do ponto de vista da saúde, as partículas PM2,5 são consideradas extremamente perigosas, pois têm a capacidade de penetrar profundamente nos pulmões, alcançando os alvéolos pulmonares, e até mesmo entrar no sistema sanguíneo. Isso pode desencadear uma série de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias, cardiovasculares e até cancro. Estas partículas contribuem não só para o aumento da mortalidade global, mas também para o excesso de mortes em crianças com menos de 5 anos de idade. De acordo com dados da Agência Europeia do Ambiente de 2019, a exposição às PM2,5 foi responsável por 175 702 anos de vida com incapacidade devido a doença pulmonar crónica, em 30 países. Isto revela que estas são uma séria ameaça à saúde pública.

image002

Tendo em conta este contexto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu diretrizes rigorosas em relação aos níveis de poluição do ar. Em outubro de 2022, a Comissão Europeia propôs também medidas para uma revisão das Diretivas da Qualidade do Ar Ambiente, para alinhar essas diretrizes com as recomendações da OMS. Uma revisão que prevê a redução significativa no limite anual de partículas finas (PM2,5), que se estima em mais de metade do valor atualmente em vigor. Essas medidas procuram melhorar a qualidade do ar e proteger a saúde pública em toda a União Europeia.

É aqui que entra o Projeto AeroSolfd, cofinanciado pela Comissão Europeia, e que conta com dois parceiros em Portugal, o INTEC - Instituto de Tecnologia Comportamental e o Metro de Lisboa. O principal objetivo passa por desenvolver e testar soluções inovadoras para mitigar os impactos negativos para a saúde e o meio ambiente causados pelas emissões relacionadas ao transporte, focando-se especificamente nas partículas finas (PM2,5).

image003

Em particular, o projeto procura desenvolver três soluções de baixo custo para reduzir as PM2,5, ao nível dos catalizadores dos automóveis a gasolina, dos travões e em ambientes (semi) fechados. Ao nível das emissões relacionadas com o tráfego, irá ser desenvolvido um catalisador com sistema de captação de partículas para veículos a gasolina e que será testado em automóveis particulares; ao nível dos travões, está a ser desenvolvido um filtro de partículas de pó de travões para autocarros; e a terceira solução passa por instalar uma tecnologia de captação de PM2,5 em espaços fechados ou semi-fechados, que será testada nas estações do Metro de Lisboa (sendo importante referir que nas estações de metro a poluição decorre da ‘importação’ de ar da cidade).

image004

O Projeto AeroSolfd não se limita a Portugal, envolvendo a colaboração de mais sete países: Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Itália, Países Baixos e Suíça. Essa cooperação internacional visa uma rápida implementação das soluções desenvolvidas, com o objetivo de que as pessoas na Europa, e não só, possam desfrutar de uma mobilidade mais ecológica e de um ar urbano mais limpo, já em 2025.

Na sexta-feira, dia 27 de outubro, entre as 9h00 e as 11h00, vai haver uma sessão de apresentação do projeto aberta ao público, em Lisboa.

Quem quiser estar presente, pode inscrever-se enviando um e-mail para
[email protected].


Tags

Recomendamos Também

Revista
Assinaturas
Faça uma assinatura da revista EUROTRANSPORTE. Não perca nenhuma edição, e receba-a comodamente na usa casa ou no seu emprego.