Scania Ibérica com vendas recorde e forte ambição elétrica

17 dezembro 2023
8min.

Com mais de 3700 entregas de camiões na rede ibérica em 2023, a Scania já ruma à eletrificação e até 2030 conta que 50% das entregas sejam todas elétricas. Até 2025, a atual sede e concessionário será substituída por instalações modelares em Castanheira do Ribatejo.

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Os dois últimos anos foram os melhores anos de vendas para a Scania Ibérica e este último, em particular, está a ser de grande sucesso comercial, dito mesmo de recorde no número de novas matrículas nos dois mercados, tanto nos pesados de mercadorias, como nos de passageiros, com valores registados que duplicam os de 2022. "É verdade que foi um ano atípico, pois tínhamos muitas entregas atrasadas que só foram entregues este ano. O mercado europeu de pesados está a crescer muito, na ordem dos 20%, e a quota de mercado da Scania é de 15%, pelo que não temos camiões suficientes para tanta entrega. E a carteira de encomendas continua a crescer. O ano de 2024 voltará a ser bom, estamos certos, mas não com tantas matrículas", disse Sebastián Figueroa, diretor geral da Scania Ibérica, num encontro em Lisboa com jornalistas portugueses.

"Já foram entregues 3723 veículos em 2023 e ainda há muita carteira por entregar e muita encomenda já realizada. Face a 2022, as entregas atingem os 42% e as encomendas já ultrapassaram os 17%, sendo que o ano ainda não terminou", acrescentou Roberto San Felipe, responsável pelas vendas nos dois mercados, precisando que em Portugal já foram entregues mais de 440 camiões.

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Elétricos a caminho

Aqueles responsáveis explicaram que tal sucesso se fica a dever, também, mas em grande parte, aos méritos do modelo Super, o último dos veículos de combustão interna da Scania, mas igualmente o mais bem sucedido no capítulo técnico, tal tem sido a evolução da sua performance nos consumos, com reduções que já atingiram os 14%, graças à adoção de novos software, cinemática e caixa de velocidades, entre outros.

No próximo ano, o Super continuará a ser uma vedeta da Scania, ainda que a partir de maio, com a chegada dos elétricos, é certo que haverá novo cabeça de cartaz. Será 100% elétrico, com um conjunto de baterias de 624 kW, o que lhe dará aproximadamente para 400 km de autonomia. Juntar-se-á um PHEV (elétrico plug-in), com autonomia para 60 km em regime elétrico, o suficiente para entrar, circular e sair das cidades, mas especialmente apto para ter acesso às zonas de circulação restrita a veículos "verdes". Em muitas cidades já existem restrições, nas portuguesas tais condicionamentos ainda não existem, mas não devem perder pela demora.

Fábrica na China

"É uma grande mudança na indústria para a Scania", justificou Sebastián Figueroa, referindo-se à transição energética nos transportes, e daí que também tenha anunciado a construção, na China, de uma unidade fabril para camiões elétricos, que terão como destino o mercado asiático, com uma capacidade de produção anual de 30 mil unidades. "A motorização, em parceria com a Traton, uma grande ênfase na digitalização e a eficiência de todos os processos, e a própria interação das máquinas com os condutores e os clientes, é algo em que a Scania concentra o seu foco, e na mesma linha a excelência das operações, a inovação e a digitalização. Quem tiver o melhor Custo Total de Propriedade [vulgo TCO] será o que mais venderá", sintetizou o líder ibérico da marca sueca.

Excelência poderá ser também encontrada na nova filosofia de acolhimento ao cliente e serviço ao produto. Está tudo em mudança, quer nos layouts das instalações, quer na sua digitalização e no ambiente aberto e de transparência. "Serão open spaces para os clientes", acrescentou Figueroa, abrindo o dossiê das novas instalações em Portugal, um investimento de 12 milhões de euros, com particular atenção dada à sustentabilidade e à eficiência energética.

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O espaço de Vialonga será substituído por outro, mais amplo - com 20 mil m2 de área útil -, e com melhores acessibilidades, em Castanheira do Ribatejo. O espaço já existe, o projeto de obra está aprovado e os trabalhos começam em breve. Em 2025 abrirá para as funções e ali tudo será diferente. Diz Sebastián Figueroa que "um mecânico da Scania não mais usará um papel, mas um tablet, de onde comunicará diretamente com a fábrica, na Suécia, enviando mesmo uma fotografia, sempre que necessário. Para uma marca premium, teremos atenção premium ao cliente."

Serviços proativos

"Teremos, também, visitas móveis à casa do cliente, e na oficina este saberá a que horas o camião deve entrar e a que dia e hora irá sair, após a manutenção ou reparação", precisou João Crema, desde 1 de outubro o novo responsável em Portugal pela marca. Após início de atividade no Brasil e no México com a Scania, esteve como diretor global de vendas para camiões e autocarros, João Crema, de nacionalidade brasileira, sucede a Victor Carvalho, que foi desempenhar funções de diretor geral da marca na Nova Zelândia.

Com sete oficinas próprias em Portugal e uma outra autorizada, uma carteira com 1800 clientes e o aumento em 12% das horas de serviço ao cliente - coincidente com o aumento das vendas e da captação de novos contratos de manutenção -, João Crema adianta que 70% das vendas da marca em Portugal já incluem o contrato de manutenção. "Estão ativos 3000 contratos de reparação e contamos com uma equipa de 100 técnicos em constante formação. Aliás, 70% da formação técnica que ministramos é física, em sala de aula, pois todos têm que estar atualizados, uma vez que temos mais de 4000 veículos ligados à nossa rede, dispondo de informação em tempo real. Os nossos veículos até já estão equipados com o smart dash, que em tempo real já nos permite interação com o motorista em caso de necessidade."

O novo dealer director para Portugal da Scania Ibérica anunciou também a chegada, para breve, de novos serviços, como a plataforma digital - Scania Driver e My Scania - e em 2025 a reparação preditiva. "Vamos ser muito proativos, e podemos fazê-lo mesmo através de intervenção remota, para que não haja tempos de interrupção do trabalho de condutor e máquina. Como parte dos nossos serviços conectados, da mesma forma os nossos serviços financeiros associados irão oferecer durante seis meses, serviços de oficina sem juros."

Conhecedor do mercado bus, João Crema também admitiu que os autocarros serão uma das apostas no futuro próximo em Portugal, e naturalmente, os veículos elétricos e a biogás.

Carlos Branco


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