Portos nacionais movimentam 85 milhões de toneladas

09 setembro 2020
6min.

No ano de 2019, no âmbito do comércio internacional, foi realizado um tráfego de mercadorias de cerca de 102 milhões de toneladas, equivalente a 140,21 mil milhões de euros, cabendo ao transporte marítimo uma quota de cerca de 57% da tonelagem e de 28% do valor.

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Em termos globais, o sistema portuário comercial nacional movimentou mais de 85,3 milhões de toneladas de mercadorias, um decréscimo de ‑5,6% face a 2018. Deste valor, 81,9 milhões de toneladas foram registadas no Continente, o correspondente a 96%, 1,2 milhões de toneladas na Região Autónoma da Madeira e 2,2 milhões de toneladas na Região Autónoma dos Açores.

Enquanto regulador eco­nómico independente, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes elabora anualmente um relatório sobre o “Tráfego Marítimo de Mercadorias no Contexto da Intermodalidade”, cujo objectivo é o de aprofundar o conhecimento do ecossistema que constitui o objecto da sua actividade, traçando o retrato do ano e mencionando quais as tendências e os desafios do comércio internacional.

Neste relatório, referente ao ano de 2019, é feito um retrato actualizado do ecossistema marítimo-portuário, contextualizado pela caracterização dos fluxos de mercadorias movimentadas nos vários modos de transporte, no âmbito do comércio internacional.

Segundo os dados apurados pela AMT, de acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a PORDATA e os operadores ferroviários, nos diversos modos e para os diversos tipos e natureza, no ano de 2019 foram movimentadas, pelos diversos modos de transporte (nomeadamente marítimo, rodoviário, ferroviário e aéreo), cerca de 243,9 milhões de toneladas de mercadorias, um valor inferior em -3,4% ao volume registado no ano anterior, tendo o tráfego nacional sido responsável por 60,4%, correspondente a 147,3 milhões de toneladas, 90,8% das quais foram processadas por modo rodoviário.

No mercado internacional o modo preferencial de transporte de mercadorias é, naturalmente, o marítimo, que registou em 2019 um volume de 72,7 milhões de toneladas, correspondente a uma quota de 75,2%.

No comércio internacional efectuado em 2019, independentemente do modo de transporte utilizado (que inclui, nomeadamente, ‘instalações de transportes fixas’ e ‘propulsão própria’), o tráfego de importação, que representou globalmente 61,5% do peso das mercadorias transportadas e 57,3% do seu valor, foi maioritariamente realizado em modo marítimo, que representou uma quota de 60,9% (-0,4% face ao ano de 2018) na dimensão peso e de 26,1% na dimensão valor. Já o transporte rodoviário, na dimensão valor, representou uma quota de 58,2% (+0,6% face a 2018), sendo de 31,8% em peso. Os modos ferroviário e aéreo detêm quotas residuais respectivas de 1% e de 0,1% da tonelagem transportada e de 0,6% e de 3,5%, cabendo aos outros modos ou a modos não discriminados, quotas de 6,2% e de 11,7%.

No tocante às exportações, o modo marítimo foi responsável por 49,5% do peso das mercadorias transportadas e 30,1% do respectivo valor, tendo cabido ao rodoviário respectivamente quotas de 42% e de 59,2%.

Considerando apenas o tráfego efectuado no ecossistema portuário do Continente, assinala-se um movimento total de 81,9 milhões de toneladas de mercadorias, valor inferior em -5,8% ao registado em 2018 e correspondente a quase -5,1 milhões de toneladas. Este desempenho global é muito influenciado pelo comportamento do porto de Sines, que regista uma diminuição de -5,4 milhões de toneladas (-12,2%), a que acresce a quebra de -253 mil toneladas da responsabilidade acumulada de Aveiro, Figueira da Foz, Faro e Portimão, anulando as variações positivas dos restantes portos, com destaque para Leixões e Setúbal, com acréscimos respectivos de +278,3 e +200,8 mil toneladas, a que se somam ainda Lisboa e Viana do Castelo, com +121,3 mil toneladas, no conjunto.

Em termos de quotas globais, o porto de Sines mantém a quota mais expressiva com 47,5% do total, tendo, no entanto, perdido a maioria absoluta ao recuar -3,5 pontos percentuais (pp), face à que detinha em 2018. Leixões aumentou a sua quota em 1,6 pp para 21,9%, sendo que Lisboa e Setúbal subiram +0,8 e +0,7 pp para 12,8% e 8,2%, respetivamente.

O transporte marítimo de mercadorias movimentadas nos portos do Continente em 2019, à excepção dos portos de Lisboa e de Setúbal que não disponibilizam esta informação, foi asse­gurado por operadores de cerca de 60 nacionalidades distintas, sendo que no tráfego inter­nacional o maior volume foi afecto à Suíça, com uma quota de 25,2%, seguindo-se a Dinamarca, os Países Baixos e a Alemanha com 7,6%, 7,1% e 7%, respetivamente.

No tráfego nacional, Portugal mantém a 1ª posição como país de registo preferencial dos ope­radores deste tráfego, com 77,6% (embora o volume de mercadorias transportadas tenha recuado -3%), seguindo-se a Alemanha, com 5,7%, a Suíça, com 4,2%, e os Países Baixos, com 3,1%.

Segundo o relatório “Tráfego Marítimo de Mercadorias no Contexto da Intermodalidade” e considerando a tipologia definida na Directiva Marítima, o movimento de navios em 2019 foi caraterizado por um total de 10 452 escalas e uma arqueação bruta (GT) de cerca 204,5 milhões, traduzindo, face a 2018, um acréscimo de +1,2% e um decréscimo de -0,5%, respectivamente.

O maior número de escalas foi observado no conjunto dos portos de Douro e Leixões, com 24,4%, mais três escalas do que as registadas em Lisboa (também 24,4%), tendo Sines registado 20,2%, Setúbal 14% e Aveiro 10%.

O presente relatório, agora divulgado pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, tem por base as estatísticas produzidas pelas administrações portuárias com jurisdição dos portos comerciais marítimos do Continente, no âmbito da Directiva 95/64/CE do Conselho da União Europeia (vulgo ‘Directiva Marítima’), definida pelo Eurostat, bem como a informação disponibilizada pelo INE em sede do Comércio Internacional de Bens e de Transportes e Comunicações, e ainda da Comissão Técnica do Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR).


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