O Grupo ETE, em parceria com o Grupo Pousadinha, apresentou oficialmente o projeto do novo Terminal Fluvial da Castanheira do Ribatejo — uma infraestrutura estratégica que promete reforçar a cadeia logística do Porto de Lisboa e melhorar significativamente a eficiência do transporte de mercadorias na região de Lisboa e Vale do Tejo.
A cerimónia de apresentação decorreu na passada segunda-feira, 7 de julho, e contou com a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, do Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, bem como de representantes das entidades promotoras.
Um Investimento Estratégico para a Logística Nacional
Com um investimento global de 11 milhões de euros, o terminal constitui uma resposta concreta aos desafios da modernização, competitividade e sustentabilidade da logística em Portugal. Pensado como o novo “First Gate” do Porto de Lisboa, este terminal irá funcionar como ponto de receção e redistribuição de mercadorias antes mesmo da sua entrada na área portuária principal, reduzindo o tráfego rodoviário na capital e melhorando a eficiência operacional.
Localizado junto à Plataforma Logística Norte, o terminal terá ligação direta às zonas industriais do Carregado e da Azambuja, formando um novo corredor logístico de alta capacidade para operações de importação e exportação. A localização privilegiada permitirá também a futura integração com a rede ferroviária, promovendo uma verdadeira intermodalidade no transporte de carga.
Em declarações à revista Eurotransporte, Andreia Ventura, representante do Grupo ETE, destacou a relevância nacional do projeto:
“Temos uma obra com um valor global de 6,18 milhões de euros, cuja empreitada foi adjudicada à Mota-Engil no passado dia 6 de junho. Adquirimos também uma grua elétrica no valor de 3 milhões de euros e equipamentos técnicos — como os heartstaker — que representaram um investimento adicional de 2 milhões de euros. No total, o investimento inicial ascende a 11 milhões de euros.”
Andreia Ventura salientou ainda que a operação contará com barcaças e um recrutador já pertencentes ao grupo, que serão alocados à operação mas não implicaram custos de aquisição neste projeto.
“Trata-se de um investimento praticamente inédito em termos de operações logísticas fluviais em Portugal. Não conhecemos outro projeto com estas características. É claramente diferenciador, tanto pela sua dimensão como pela relevância para a economia regional.”
Infraestrutura e Capacidade Operacional
O Terminal Fluvial da Castanheira ocupará uma área de dois hectares e incluirá:
Numa fase inicial, prevê-se uma movimentação diária superior a 2.500 toneladas de carga, com um volume anual entre 20.000 e 70.000 TEU. Com a expansão prevista, o terminal poderá alcançar uma capacidade de até 200.000 TEU por ano.
Sustentabilidade Ambiental em Foco
A vertente ambiental é um dos pilares do projeto. Cada barcaça poderá transportar o equivalente a cerca de 100 camiões, e o terminal terá capacidade para operar até quatro barcaças em simultâneo. Esta solução poderá retirar entre 100 a 400 camiões por dia das estradas de acesso a Lisboa, permitindo uma redução anual estimada de 1.000 toneladas de emissões de CO₂ — cerca de 80% menos do que o transporte rodoviário convencional.
Apoio Institucional e Visão de Futuro
Durante a cerimónia, António Caneco, do Grupo ETE, destacou o carácter inovador do conceito de “First Gate”, que permite antecipar operações portuárias e reduzir a pressão sobre os acessos rodoviários ao porto.
João Folque, do Grupo Pousadinha, reforçou a importância da integração ferroviária no terminal e apelou ao Governo para eliminar entraves burocráticos e acelerar dragagens na zona da Alhandra/Cala do Tejo, essenciais para garantir ligação fluvial direta com o Porto de Sines.
O Secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, reconheceu o valor estratégico do terminal, reforçando que a intermodalidade é uma prioridade da política portuária nacional. Destacou ainda a necessidade de reforçar as ligações ferroviárias aos principais portos, de modo a ampliar o hinterland e garantir alternativas logísticas mais sustentáveis.
Por sua vez, Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, considerou o projeto “um ponto de chegada após mais de uma década de trabalho conjunto entre Governo e autarquias”, mas também “um ponto de partida para uma nova fase da logística metropolitana”.
Impacto Socioeconómico e Regional
A obra, com duração estimada de 12 meses, irá criar cerca de 50 postos de trabalho diretos e 200 indiretos. Para os promotores, trata-se de um projeto de escala nacional com identidade regional, que valoriza a Castanheira do Ribatejo como um polo logístico estratégico.
Luís Figueiredo, presidente do Conselho de Administração do Grupo ETE, juntamente com Pedro Vigouroux e João Folque, do Grupo Pousadinha, reafirmaram o compromisso de ambas as empresas com o desenvolvimento económico, social e ambiental da região.
Portugal a Caminho de uma Logística Sustentável
O Terminal Fluvial da Castanheira do Ribatejo é mais do que uma nova infraestrutura: é um passo decisivo para a criação de soluções logísticas modernas, integradas e sustentáveis. Ao unir transporte fluvial, rodoviário e, futuramente, ferroviário, posiciona-se como um motor de competitividade para o Porto de Lisboa e para todo o país.
O futuro da logística portuguesa constrói-se com projetos como este — inovadores, eficientes e preparados para os desafios ambientais e económicos do século XXI.