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Os pneus estão velhos! E depois?

Será que as propriedades físicas dos pneus são afectadas pela passagem do tempo?

 

Há uns 25 anos, numa viagem de estudo em Birmingham, no Reino Unido, tive a oportunidade única de visitar um dos maiores e mais bem equipados centros de estudos técnicos e dinâmicos de veículos do mundo, a TRL -Transport Research Laboratory, onde pela primeira vez estive dentro de um verdadeiro túnel de vento, num armazém que simulava todas as temperaturas e condições atmosféricas a que um veículo pode estar sujeito, avaliar os seus efeitos; e num hangar onde os veículos eram sujeitos a todo o tipo de rádio-frequências e onde se avaliava a capacidade dos veículos se manterem invioláveis a tentativas de controlo externo através de ataques terroristas (nessa altura ainda não se falava em hackers). Para além disso a TRL dispunha de dezenas de quilómetros de pistas de teste, onde se efectuavam experiências de todo o tipo para os construtores e indústria automóvel.

Ora, um estudo efectuado por esta mesma TRL em Maio deste ano, para o departamento dos transportes inglês, tinha como objectivo avaliar os efeitos do envelhecimento dos pneus nas suas funções básicas, tais como proporcionar uma fricção adequada ao solo, suportar as forças dinâmicas entre a estrada e o veículo e absorver as forças causadas pelas irregularidades do pavimento, dando estabilidade e conforto aos ocupantes e à carga. Pretendia-se avaliar se as propriedades físicas dos pneus eram afectadas pela passagem do tempo, a ponto de comprometer a integridade do pneu e, portanto, a sua segurança

O estudo não incidia sobre o desgaste da banda de rolamento, local obviamente consumido pelo uso e pela quilometragem, mas sobre a estrutura total externa e interna do pneu, sobre a idade, e verificou-se que, logo nos quatro primeiros anos de vida útil do pneu, a borracha e a carcaça sofrem alterações quer ao nível da resistência da borracha, quer ao nível da sua estrutura interna e da oxidação dos cabos de aço integrados nas telas, apesar de não afectarem a capacidade de aderência e de manutenção da estabilidade.

São os danos estruturais tais como cortes, pancadas, raspões, etc., que mais afectam a duração e qualidade dinâmica do pneu. Nada de alarmante, afinal, neste estudo. Contudo os fabricantes aconselham a que após cinco anos de utilização os pneus sejam revistos ano após ano e que sejam trocados ao fim de dez anos, mesmo que não tenham rolamento que os desgaste.

E os pneus possuem forma de se saber quando foram fabricados? Sim, basta observar a banda lateral do pneu onde numa área com a sigla DOT (department of transportation), obrigatória neste formato desde 2000, pode encontrar diversas marcações sobre o local de fabrico, códigos do fabricante e a data de produção. Na imagem o conjunto de quatro algarismos da direita (1417) indica que o pneu foi fabricado na semana 14 de 2017.


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