Continental em forte crescimento financeiro

15 março 2018
13min.

A empresa tecnológica Continental teve um crescimento e lucros robustos no ano fiscal de 2017. As vendas da empresa cresceram 8.5% para 44 mil milhões de euros, com uma margem de EBIT ajustado de 10.9%, ultrapassando assim os objectivos anuais.

Continental

Na apresentação dos resultados financeiros preliminares, que teve lugar em Hanôver, na Alemanha, Elmar Degenhart, presidente do Conselho de Administração da Continental, agradeceu aos mais de 235 mil colaboradores da empresa em todo o mundo por este feito notável: “Todos vocês provaram, uma vez mais, que os nossos valores criam valor. Em termos financeiros estamos no topo da forma, somos pioneiros do ponto de vista tecnológico e mantemo-nos totalmente focados no futuro. Isto permite-nos, enquanto pioneiros e graças à nossa força, moldar a mudança tecnológica nos nossos sectores”.

O rendimento lucro da empresa tecnológica subiu para 3 mil milhões em 2017, o que equivale a uma subida de 6.5% em relação ao ano passado e a ganhos de 14.92€ por ação. “O Conselho de Administração está a propor um aumento de dividendos de 25%, para 4.50€, o que será a sexta subida consecutiva”, disse Degenhart.

O CEO da Continental espera que este crescimento lucrativo se mantenha em 2018: “A forma como começámos o ano de 2018 confirmou as nossas expectativas. Estamos, por isso, a confirmar as previsões feitas no início de janeiro. Pretendemos continuar o nosso caminho de sucesso marcado pelo crescimento e rentabilidade. Para este ano, continuamos a prever um crescimento significativo nas vendas, que deverá ser na ordem dos 7%, atingindo perto de 47 mil milhões de euros antes dos efeitos das taxas de câmbio, com uma margem de EBIT ajustado de cerca de 10.5%. Estes valores têm como base o crescimento na produção global de veículos ligeiros de passageiros e mercadorias de mais de 1%, atingindo 96.5 milhões de veículos”.

Na liderança para a mobilidade segura, limpa e inteligente

O presidente do Conselho de Administração acredita que a empresa tecnológica está preparada para a mobilidade do futuro: “A Continental é pioneira no que respeita a tecnologia. Continuamos a investir intensamente nas tecnologias de amanhã e esta estratégia está a compensar. Vejam, por exemplo, as encomendas do Automotive Group: alcançámos um novo recorde de cerca de 40 mil milhões de euros em 2017,” disse, acrescentando: “As nossas tecnologias inovadoras e a utilização inteligente de software, sistemas electrónicos e tecnologias de sensores permitem-nos transformar em realidade a condução autónoma e automatizada, bem como a conetividade e a condução autónoma. Estamos também a desenvolver novas áreas de negócio e grupos de clientes em serviços inovadores de mobilidade. Mais do que qualquer outra empresa no mundo, a Continental é sinónimo de mobilidade segura, limpa e inteligente”.

Uma forte rede global constituída por 42 000 responsáveis por desenvolvimento e peritos de 146 nacionalidades está a realizar pesquisas sobre como tornar os produtos e serviços da Continental ainda mais inteligentes. “Aperfeiçoados com software e sensores inteligentes, os nossos produtos e serviços fazem com que trânsito e as mercadorias se mantenham em circulação em todo o mundo – desde sistemas industriais, robots, drones até automóveis”, comentou Degenhart, acrescentando: “Só em 2017, os nossos clientes de vários sectores instalaram mais de 600 milhões de sensores da Continental. Atualmente, três em quatro carros em todo o mundo têm as nossas soluções, produtos e sistemas”.

Isto é particularmente relevante para a condução automatizada e autónoma. Atualmente, e numa fase ainda inicial desta tecnologia, as câmaras, radares e sensores Lidar já gravam dados a um ritmo que pode exceder os 10 gigabytes por segundo; e vai aumentar ainda mais no futuro, quando chegarmos à fase da condução totalmente automatizada. Desde 1999, a Continental já produziu cerca de 60 milhões de sensores para sistemas de assistência à condução com este objetivo – e este número está a crescer rapidamente.

A mobilidade electrónica desempenhará um papel fundamental no que diz respeito à combinação de sistemas de condução no futuro. A Continental é um dos poucos fornecedores de sistemas que podem oferecer electrificação completa da transmissão a partir de uma única fonte – do motor eléctrico à electrónica de potência à gestão térmica e energética, passando pela tecnologia de carregamento.

Um número crescente de camiões está a ser equipado com o horizonte electrónico (eHorizon), um mapa de estradas digital tão preciso como um sensor, que garante uma condução mais eficiente. Desde que chegou ao mercado, em 2012, a tecnologia da Continental reduziu o consumo de gasóleo em mais de 700 mil litros. No total, mais de 33 milhões de automóveis e camiões estão já ligados à tecnologia inteligente da Continental.

A empresa tecnológica está também a tornar os pneus mais inteligentes. Cada vez mais são equipados com sensores que pesam apenas alguns gramas, medindo a pressão dentro do pneu e garantindo mais segurança, menos resistência ao rolamento e maior eficiência. Só em 2017, a Continental produziu cerca de 155 milhões de pneus para veículos de passageiros e camiões. As mais recentes correias transportadoras e mangueiras também estão à altura desta tendência tecnológica, com tecnologia de sensores integrada que deteta automaticamente o peso transportado e avisa, antecipadamente, sobre qualquer trabalho de manutenção ou reparação que seja necessário. Isto significa que os transportes podem continuar circular até que surja uma boa oportunidade de reparação, minimizando assim os custos de funcionamento.

Moldar a mudança, apoiado por um sólido enquadramento de valores e a partir de uma posição forte

Falando sobre as transformações no sector automóvel, Degenhart sublinhou: “As rápidas mudanças tecnológicas exigem que a nossa equipa global demonstre altos níveis de flexibilidade e agilidade. É por isso que estamos a investigar para percebermos como podemos colocar a nossa organização no caminho de um crescimento rápido e máxima criação de valor a longo prazo. Actualmente estamos a avaliar as nossas opções e estamos ainda a finalizar um plano”. Referiu-se igualmente à adaptabilidade da empresa: “A Continental está a atravessar um processo gradual de transformação há quase 150 anos. Só nos últimos 20 anos, a Continental passou de um mero fabricante de pneus e parceiro industrial para uma empresa tecnológica global”. Aludindo a esta transformação, Degenhart destacou a importância da cultura corporativa pioneira da Continental: “Nos últimos anos desenvolvemos e reforçámos os valores partilhados da Continental. Isto deu-nos as bases para termos conseguido moldar a transformação nos nossos sectores, salvaguardando o futuro e a viabilidade da nossa organização. Esta base, juntamente com o nosso objectivo de criação de valor, continua a formar o núcleo de valores da Continental. Isto engloba todas as empresas em que a nossa empresa tem uma posição maioritária, independentemente da sua composição legal ou organizacional”.

O CFO, Wolfgang Schaefer, falou sobre a solidez financeira da empresa cotada na DAX: “Ter uma situação financeira tão boa permite-nos investir intensamente e continuar a expandir o nosso negócio a uma escala global. A nossa despesa de capital em imóveis, instalações e equipamento, em conjunto com as despesas para investigação e desenvolvimento, que perfazem um total de cerca de seis mil milhões de euros, testemunham isso mesmo. Estamos também a consolidar a nossa força através de aquisições. Só no último ano, gastámos cerca de 600 milhões em aquisições. Simultaneamente reduzimos sistematicamente o nosso endividamento líquido. Temos uma base financeira sólida com um rácio de alavancagem de 12.6% e um rácio de fundos próprios de 43.5%”.

Protegidos contra as flutuações das taxas de câmbio e dos preços das matérias-primas

Quando questionado sobre as consideráveis flutuações nas taxas de câmbio verificadas nos últimos meses, Schaefer mostrou-se tranquilo: “A nossa margem está protegida porque a Continental produz sobretudo localmente para os mercados locais. Os efeitos das taxas de câmbio têm, assim, impacto nas vendas e nos ganhos operacionais num grau semelhante. Isto significa que a empresa está naturalmente protegida contra flutuações nas taxas de câmbio”. A Continental estabelece os seus objectivos anuais de vendas antes dos efeitos das taxas de câmbio. O impacto absoluto pode afetar significativamente as vendas, dependendo das tendências da taxa de câmbio. A Continental acredita que os efeitos negativos de mais de mil milhões de euros podem acontecer no atual ano fiscal, partindo do princípio que as atuais taxas de câmbio representam a média para todo o ano.

Voltando a sua atenção para os mercados de matérias-primas, Schaefer comentou que a Continental consegue enfrentar níveis de alterações de preços como os que se verificaram nos últimos três anos. Assim, a Continental ainda antecipa, para este ano, efeitos negativos adicionais de aproximadamente 50 milhões de euros devido ao aumento dos preços da borracha natural e sintética.

Vendas tiveram uma subida de 3.5 mil milhões de euros, ou 8.5%, atingindo 44.0 mil milhões de euros. O crescimento orgânico de vendas, i.e. ajustado para mudanças no âmbito da consolidação e efeitos das taxas de câmbio, atingiu os 8.1%.

O EBIT subiu 466 milhões de euros, ou 11.4%, para aproximadamente 4.6 mil milhões de euros no ano fiscal 2017. A margem de EBIT atingiu 10.4%, tendo sido de 10.1% no ano fiscal de 2016.

O EBIT Ajustado, ajustado para mudanças no âmbito da consolidação, amortizações relacionadas com aquisições e efeitos especiais, foi superior a 4.7 mil milhões de euros em 2017. Isto corresponde a uma margem de EBIT ajustado de 10.9%. O valor absoluto foi superior em 10% ao valor alcançado no ano anterior, que foi de 4.3 mil milhões de euros, o que representou um rácio de 10.6% em 2016. Em relação à comparação com o ano anterior, Schaefer mencionou vários eventos isolados e não relacionados que tiveram um impacto de cerca de 480 milhões de euros nos resultados do ano anterior.

Em 2017 a Continental investiu cerca de 2.9 mil milhões de euros em imóveis, instalações e equipamento e software. Isto levou a uma subida da taxa de investimento, que atingiu 6.5%, tendo sido de 6.4% no ano anterior.

As despesas com Investigação e Desenvolvimento aumentaram 10% para 3.1 mil milhões de euros, correspondendo a 7.1% das vendas (2016: 6.9%).

No final de 2017 as reservas de liquidez da Continental totalizaram aproximadamente 5.6 mil milhões de euros, incluindo caixa e equivalentes de caixa de 1.9 mil milhões de euros e linhas de crédito não utilizadas de 3.7 mil milhões de euros. “Estes fundos disponíveis, juntamente com o nosso endividamento extremamente baixo, dão-nos uma flexibilidade considerável e a capacidade de responder rapidamente a alterações”, explicou Schaefer.

O desempenho positivo levou a um aumento no número de colaboradores. No final de 2017, a empresa tecnológica empregava mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, mais 15 mil do que no final de 2016. Este aumento pode justificar-se, sobretudo, pelo aumento da capacidade de produção, crescimento devido a aquisições e expansão constante nas áreas de Investigação & Desenvolvimento.

PR

 


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