CEiiA prepara carro-drone português

06 novembro 2017
6min.

Trata-se do primeiro projecto nacional de integração de mobilidade horizontal e vertical e chama-se Flow.me.  

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 O Flow.me encerra um ciclo de trabalho de dez anos, cruzando o sector automóvel, aeronáutica e sistemas inteligentes de mobilidade. Irá ser testado numa primeira fase em processos logísticos em zonas industriais para, no futuro, poder estar associado ao transporte de pessoas em serviços de sharing e on-demand nas cidades e representa a ambição da engenharia portuguesa no futuro da mobilidade.

Imagine um táxi autónomo que troca automaticamente a estrada pelo céu para evitar um congestionamento no trânsito e chegar mais rápido ao destino pretendido. É esta a mais recente proposta do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, CEiiA, (www.ceiia.com) para a mobilidade do futuro.

O Flow.me resulta da integração de um carro autónomo com um drone, sendo capaz de andar em estrada ou pelo ar, consoante a conveniência, e encerra um ciclo de trabalho de 10 anos do CEiiA, cruzando o sector automóvel, aeronáutica e sistemas inteligentes de mobilidade.

“Sempre que pensamos num carro, imaginamos um veículo único, que incorpora um habitáculo, onde estão os passageiros, e um conjunto de sistemas – motor, eixos, rodas – que permitem ao veículo deslocar-se pela estrada. O que fizemos foi desconstruir este conceito, distinguindo e separando o habitáculo do sistema de locomoção. Desta forma, podemos ter vários sistemas de locomoção, adaptados aos diferentes meios, e que podem ser utilizados em estrada ou pelo ar”, explica Helena Silva, diretora-executiva do CEiiA.

“Com o Flow.me podemos ter, por exemplo, um sistema de locomoção rodoviário – com rodas – e um sistema aéreo – um drone – que são acoplados a um mesmo habitáculo em diferentes momentos”, acrescenta.

O percurso do CEiiA começou há 15 anos em torno do veículo elétrico interativo, que hoje passou de tendência a realidade. Mais tarde, há cerca de 10 anos, o CEiiA criou a unidade de aeronáutica e abraçou o desafio de participar em dois dos projetos mais exigentes desenvolvidos neste sector: o AW 609 da Leonardo e o KC390 da EMBRAER, tendo sido colocada pela primeira vez a bandeira nacional num projeto aeronáutico à escala global.

Recentemente, o Centro de Engenharia começou a trabalhar num conceito de mobilidade conectada, integrada e sustentável, desenvolvendo a plataforma mobi.me - hoje uma referência mundial na gestão da mobilidade em mais de 70 cidades a nível mundial.

“Hoje é possível combinar todas estas competências adquiridas no automóvel, na aeronáutica e nos sistemas inteligentes e abraçar o desafio de criar um novo produto de mobilidade”, diz ainda a responsável. “Com o Flow.me estamos a dar uma nova dimensão à mobilidade através da integração do transporte horizontal com o vertical”, conclui.

O drone é acoplado ao veículo, permitindo a sua descolagem e voo em áreas reservadas para o efeito, como por exemplo parques industriais de construtores automóveis, onde irá ser testado numa primeira fase, mas no futuro poderá associar-se ao transporte de pessoas em serviços de sharing e on-demand nas cidades. O veículo estará conectado em tempo real com uma plataforma de gestão de mobilidade concebida pelo CEiiA, para que possa vir a ser integrado de forma eficaz com outras formas de transporte de uma cidade onde coabitarão, num futuro próximo, veículos autónomos e não autónomos.

Este projecto conta com um investimento global estimado de €18M e está a ser desenvolvido por um consórcio liderado pelo CEiiA, em parceria com entidades brasileiras e empresas portuguesas especializadas nos setores automóvel e aeronáutico. A fase de testes com protótipo funcional em ambiente reservado está prevista para a primeira metade de 2019.

Sobre o Flow.Me:

O Flow.me tem três componentes principais: um habitáculo – onde o passageiro e a mercadoria são transportados – um sistema de locomoção rodoviário e um drone. O sistema de locomoção rodoviário é autónomo e funciona como doca para acoplar o habitáculo, estando preparado para circular de forma independente de acordo com as solicitações dos serviços. O habitáculo poderá, assim, ser transportado por estrada ou, se necessário, libertar-se do sistema de locomoção rodoviário e ser acoplado a um drone semelhante a um helicóptero, passando a deslocar-se pelo ar.

O veículo estará conectado em tempo real com uma plataforma de gestão de mobilidade concebida pelo CEiiA, para que possa vir a ser integrado de forma eficaz com outras formas de transporte de uma cidade onde coabitarão, num futuro próximo, veículos autónomos e não autónomos.

Flow.me_expansion[1]

Habitáculo

- Dimensões: 3 metros (aproximadamente) - Capacidade de carga: até 500 quilos - Número de passageiros: 2 a 4 passageiros (configurável)

Sistema Aéreo

- Dimensões: 6 metros (aproximadamente) - Autonomia:  3-6 horas

Sistema Terrestre

- Tipo de motorização: Elétrica - Autonomia: 200 km - Tempo de Carregamento: 30 minutos (rápido)/80%

- Carregamento: por indução e por conexão directa (ficha)

PR


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