A adrenalina pelo desporto motorizado é um dos laços fortes que une estes três pilotos que, nesta temporada do Campeonato Europeu de Camiões, integram o Reboconort Racing Truck Team.

Eduardo Rodrigues, o patriarca da família, hoje com 64 anos, foi o primeiro a aventurar-se no desporto motorizado, começando a competir em 1996, no Rally de Portugal. A passagem para o camião deu-se na entrada do novo milénio e, entre as competições disputadas em terri­tório português, o piloto de Penafiel destaca “as provas do Campeonato Francês Camião Cross, que eram sempre emocionantes”.

Já José, filho de Eduardo, entrou em contacto com este mundo quando ainda era criança. “Desde cedo acompanhei o meu pai e via as provas de rallycross em Lousada que, por coincidência, foi o primeiro circuito onde corri”, recorda, acrescentando que “tendo o meu pai uma empresa de camiões [Reboconorte] foi fácil crescer no meio dos «monstros do asfalto» e adquirir um certo domínio que mais tarde foi posto em pista”. José começou então a competir em 1998, com 22 anos, estreando-se numa prova do Campeonato Francês, em Lousada. Questionado sobre o que mais o marcou nesses anos iniciais, responde, orgulhoso, que “foram anos de glória em que fui sempre campeão da classe 1 de Camião Cross”.

Sobre a influência que teve na escolha do filho, Eduardo é peremptório: “como diz o provérbio, «filho de peixe sabe nadar». Foi só seguir as pisadas e crescer”, rematando que “o bom mentor é aquele que faz dos seus discípulos ainda mais superiores a ele”.

Foi depois de várias idas a Jarama (Espanha) “e por influência de um amigo especial, que foi campeão do Europeu de Camiões, Lutz Bernau”, que Eduardo deu o passo para a competição internacional. Para José, essa transição “foi espectacular, o campeonato em velocidade era de outro mundo!”.

Os dois pilotos começaram também a com­petir no Campeonato da Europa de Camiões, por vezes integrando a mesma equipa, Re­boconort Racing Truck Team. “Correr com o meu pai é uma grande aprendizagem. Ele é um piloto muito duro que, apesar da sua idade, quer mostrar aos mais novos que está lá ainda para dar cartas”, assegura José. No entanto, no seu currículo estão também participações por outras equipas, tendo feito parceria com o espanhol tri-campeão europeu, Antonio Albacete. Sobre essas experiências, revela que “foram positivas, mas o que mais me marcou foram as amizades que ficaram para a vida”.

A competir há mais de duas décadas, Eduardo revela que “a falta de patrocínios e a forte concorrência, por vezes, faz-me pensar se devo continuar, mas a paixão fala mais alto e fez-me superar todos os receios”. Também José leva já 20 anos nas pistas e constata que “tem havido uma constante evolução neste desporto, com as máquinas a acompanharem a rápida evolução tecnológica no mundo”.

A nova geração

visto no desporto: três gerações a competir na mesma prova. José Eduardo estreou-se nas corridas de camiões em Jarama (Espanha), juntando-se ao pai, José, e ao avô, Eduardo, com ambos a revelarem que se sentiram orgulhosos por esse momento.

Desde cedo que começou a praticar karting, passando mais tarde para o rallycross, com “a paixão pelo desporto automóvel a surgir por ter acompanhado, desde pequeno, tanto o meu pai como o meu avô”. E como é que se dá passagem para os camiões? “Foi por­que o meu avô tinha esse desejo, de entrar em pista com o filho e o neto e, com isso, concretizei um desejo que também tinha desde pequeno”, confessa.

Habituado a competir no rallycross, que “é uma modalidade de «tudo ou nada», onde naquelas cinco voltas temos de dar o máximo”, com os camiões é preciso ter uma preparação distinta, pois “é uma prova mais extensa, tendo de saber poupar tanto o camião, em termos de material, como a nossa gestão física, uma vez que é cerca de meia hora de prova”.

Este ano as três gerações vão competir pelo Reboconort Racing Truck Team, com três MAN TGX, mas já aconteceu competirem uns contra os outros. José salienta que, mesmo nessas situações, “nunca o deixa­rei desprotegido, numa simples prova que seja. Pai é pai, seja dentro ou fora da pista”. O jovem de 19 anos considera que competir com o pai e o avô “é uma sensação única, pois posso contar com a experiência e sabedoria de ambos”. Revela ainda que com eles apren­deu “os opostos, que resultam no equilíbrio. O meu avô é um piloto impulsivo enquanto o meu pai é um piloto que estuda cada volta que dá na pista. Resultado final: calcular o que posso dar em cada volta, sem perder a parte impulsiva já que «para a frente é que é o caminho»”.

O que vem a seguir

Para Eduardo, que já conseguiu juntar três gerações em pista, falta “terminar em chave de ouro: o meu neto mais novo [Hélder Rodrigues, de 11 anos] correr connosco”.

José mostra-se competitivo e ambicioso e espera alcançar “muitas vitórias que me levem a um dos primeiros lugares mais desejados no final do campeonato”.

Já José Eduardo “gostava de um dia poder ser um dos candidatos ao título europeu, demons­trando assim todos os ensinamentos dados pelo meu avô e pelo meu pai”. No entanto, nem só nos camiões se mostra ambicioso, pois revela que “daqui a dois, três anos espero voltar ao rallycross e ser campeão nacional na categoria s1600”.

Palmarés

Eduardo Rodrigues

- Cinco vezes Campeão Nacional Classe 2 Camião Cross

- 3.º lugar nas duas mangas em Jarama – 2018

- Vários pódios no Campeonato Europeu Taça Promotores

José Rodrigues

- Cinco vezes Campeão Nacional Classe 1 Camião Cross

- 1.º Lugar Zolder/Bélgica – 2018

- 3.º Lugar Most/República Checa – 2018

- 2.º Lugar Jarama/Espanha - 2018

- 1.º Lugar Red Bull Ring/Áustria - 2017

- 2.º Lugar Jarama/Espanha - 2016

- 1.º Lugar Campeonato Europeu Taça Promotores - 2017

José Eduardo Rodigues

- 3.º lugar em Zolder/Bélgica - 2018

*Texto originalmente publicado na Edição n.º 109 da Revista Eurotransporte

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