O futuro do Ecossistema Logístico Português

18 abril 2024
4min.

A Associação dos Transitários de Portugal – APAT continua a defender a definição de corredores logísticos, capazes de integrar portos marítimos, portos secos e terminais rodo-ferroviários.

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Na sequência da apresentação do Programa de Governo para a atual legislatura, a Associação dos Transitários de Portugal – APAT sente ser oportuna uma reflexão preliminar face às diretrizes políticas que incidem sobre o setor dos Transportes e da Logística e que, no decorrer da legislatura, pautarão, de forma decisiva, o futuro do ecossistema logístico português. Em prol do progresso deste setor, a APAT manterá a sua postura dialogante com todos os agentes que o compõem, sempre disposta a cooperar na construção de soluções estruturantes para a competitividade do país.

Sobre as medidas concretas já elencadas pelo Executivo, a APAT saúda a aposta na persecução de acordos transversais de longa duração no que concerne a projetos impactantes que acarretam investimentos avultados, e, por consequência, prazos de retorno do investimento mais extensos. Considera ainda encorajador o desígnio de promoção da transferência modal das mercadorias para o meio ferroviário – corrigindo-se os desequilíbrios na taxação da infraestrutura e fomentando-se a eficiência do transporte – esperando, contudo, que tal meta possa ser reforçada com medidas complementares de fomento do aumento da quota ferroviária no transporte de mercadorias.

O transporte ferroviário de mercadorias continuará a ser prioritário rumo a um futuro mais multimodal e sustentável. É pois, para a APAT, importante impulsionar este meio de transporte, estando esta perspetiva na origem da criação de uma Comunidade de Logística Ferroviária, assim reunindo os agentes do ecossistema ferroviário com o intuito de ultrapassar os principais constrangimentos que ferem a competitividade de um método de transporte que continua a operar abaixo do seu verdadeiro potencial.

A APAT continua a defender a definição de corredores logísticos, capazes de integrar portos marítimos, portos secos e terminais rodo-ferroviários, estabelecendo politicas uniformes e coerentes que possibilitem esta transferência modal sem ostracizar qualquer elemento deste ecossistema logístico, no qual todos os agentes deveriam estar conectados, promovendo uma maior competitividade.

No que concerne ao sistema portuário, é de inegável importância a manutenção de políticas de investimento (público, mas também privado) que concorram para materializar o imenso potencial geostratégico que os portos nacionais possuem. A globalização da Economia exige portos capazes de competir por um lugar nas mais influentes rotas comerciais, tendo Portugal trunfos geográficos e operacionais que não deverão ser desperdiçados. Existem condições para manter a rota do sucesso.

No que diz respeito à Transporte Aéreo de Mercadorias, muito se encontra ainda por fazer. Denotando a urgência de resoluções efetivas, a APAT criou, em 2023, o Fórum Nacional de Carga Aérea, na tentativa de agregar os stakeholders deste segmento para um debate construtivo em torno dos seus (persistentes) problemas. Portugal carece de terminais de carga adequados, não só às novas exigências operacionais, como às diretrizes de segurança às quais a legislação internacional obriga. Preocupa-nos a ausência de uma perspetiva integrada, que entenda que a aposta no transporte de passageiros nunca pode significar a exclusão ou secundarização do investimento na carga aérea – algo que, tememos, possa acontecer com o novo aeroporto, cujo dossier parece não contemplar a construção de um hub de carga, fundamental para o país.

A APAT manter-se-á, como é seu apanágio, atenta aos desenvolvimentos dos temas acima elencados, pronta a colaborar no debate público e ao dispor da tutela e dos demais parceiros institucionais na persecução do interesse nacional, apenas concretizável com um sistema logístico eficiente, resiliente e interconectado.

PR


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